Febre Aftosa

Doença Viral, altamente contagiosa, própria dos fissípedes, de evolução aguda e febril, também conhecida por aftosa, peste aftosa, afta epizoótica, etc.

Agente Etiológico

Vírus da família, Picornaviridae, do gênero aphotovirus, tipo A,O,C Salt1 Salt2, Salt3 e Ásia1.

Espécie Suscetível

Todas as espécies biunguladas são suscetíveis, em diferentes graus. Em grau de suscetibilidade, temos como os mais suscetíveis os bovinos (morbidade de quase 100%), seguidos pelos suínos, caprinos, ovinos, bubalinos,gatos, cães e  animais silvestres. Também o homem é atacado por essa grave zoonose.

Meio de Contaminação

Via de regra, a contaminação se dá pelo compartilhamento do mesmo espaço entre doentes e os sãos. A contaminação tanto pode se dar por animais que se encontrem em período de incubação (fase aguda) como pelo contato com as instalações contaminadas. Quando contaminado, o animal infectado passa a eliminar o vírus já nas 9 horas seguintes. O vírus se dissemina por todo o organismo no máximo em 66 horas. As vias de contágio são as  vias respiratórias superiores e as vias digestivas.

Os meios passivos de contaminação podem ser todos os locais por onde o gado possa ser conduzido ou mantido, como os pisos de estábulos, currais e de veículos de transporte, as instalações, rações, estercos, equipamentos comuns de alimentação, sacos, cordas, laços, roupas de vaqueiros, assim como todos os outros materiais utilizados para o manejo.

Sintomas Clínicos

Os primeiros sinais de contaminação podem surgir entre 2 a 7 dias, podendo chegar até 11 dias.

Os sinais mais evidentes de contaminação são:

Pêlos arrepiados;

Febre;

Baba;

Elevação da temperatura corporal do animal;

Aceleração do pulso;

Diminuição do apetite;

Atraso na ruminação;

Detenção do peristaltismo;

Aumento da salivação;

Vesículas na face interna dos lábios e lateral da língua, gengivas e rodetes dentários (aftas);

Aftas ou bolhas na boca, língua, úbere e inclusive nas tetas, e vesículas das patas são geralmente desenvolvidas ao mesmo tempo que os da mucosa bucal;

Essas bolhas arrebentam e se transformam em ulcerações (feridas);

As ulcerações podem aparecer também nos vãos dos cascos (espaços interdigitais), provocando manqueiras;

Pode atacar, também, o coração dos animais por ela infectados;

A pele do rodete e do espaço interdigital estão afetadas assim como a coroa do casco.

Quando aparecem os sintomas mencionados, a febre desaparece, não mais havendo vírus no sangue, pois eles se localizam nas lesões.

Diagnóstico

Constatadas as características acima citadas, após uma inspeção por veterinário, se deve coletar material a ser enviado ao laboratório do Ministério da Agricultura e Abastecimento para realização de exames.

Diagnóstico Diferencial

Muitas das características acima definidas podem ser decorrentes de outras formas de viroses. O exame laboratorial permitirá diferenciar a febre aftosa das seguintes viroses:

Blue tonge (língua azul);

Estomatites vesicular;

Rinotraquites infecciosa bovina (IBR);

Exantema e doença vesicular dos suínos.

Profilaxia

Deve-se submeter todo o gado a vacinação sistemática, conforme a época determinada pelo Ministério da Agricultura e de acordo com o Circuito Pecuário ao qual o Estado é parte integrante.

Medidas de Polícia Sanitária

Trata-se de doença de Comunicação Obrigatória. Assim, em caso de suspeita de sua ocorrência ou da comprovação laboratorial da mesma, deverão ser tomadas as seguintes providências:

Notificar Imediatamente, o órgão estadual responsável pela execução das atividades de Defesa Sanitária Animal.

Acionar a Equipe emergencial de Saúde Animal, do órgão oficial. 

Uma vez comprovada a ocorrência da doença, a propriedade (o imóvel) onde se constatou a ocorrência da mesma deverá ser Interditado. Quando   se comprovar laboratorialmente a inexistência da infecção, o mesmo deverá ser Desinterditado.

Comprovada a contaminação do gado, a equipe emergencial juntamente com o órgão executor da Defesa Sanitária Animal do Estado poderá ainda decidir também pelo Sacrifício dos Animais, Despovoamento da Área Contaminada, Vazio Sanitário, Repovoamento dentre outras, para que a enfermidade não se dissemine.

Profilaxia e Cuidados

Quando ocorre a contaminação de uma população de gado, geralmente as autoridades decidem pelo sacrifício dos animais doentes e suspeitos e destruição dos cadáveres através da incineração. Nestes casos, sendo uma ocorrência de interesse nacional (e até mesmo internacional, no caso de exportação e no caso de regiões próximas a fronteiras nacionais), geralmente ocorre a indenização governamental dos proprietários.

De forma preventiva, se deve sempre considerar:

Vacinação regular do gado;

Suspeitando da existência da doença em sua propriedade ou na de vizinhos, avise imediatamente o Médico Veterinário;

- Confirmada a doença, coloque os animais doentes em área confinada, impeça a entrada e saída de veículos e de animais, limite a circulação de pessoas, instale pedilúvios com desinfetantes e siga a orientação do Médico Veterinário;

Sempre que comprar animais, exija comprovação de que os mesmos tenham sido vacinados;

Só faça o transporte com atestado de vacinação;

As vacas prenhes devem ser vacinadas, para que as mesmas possam proteger o bezerro através do colostro;

A vacinação não provoca aborto nos animais. Cuidado especiais devem ser tomados no manejo das vacas prenhes, pois é o mau manejo que poderá causar o aborto e nunca a vacina;

Exija sempre que o vendedor acondicione bem e faça o transporte correto das vacinas;

Amimais vindos de outras propriedades devem passar por quarentena, vacinados e observados por um período mínimo de 15 dias, antes de serem colocados com outros animais da propriedade;

Se deve tomar medidas rigorosas de higiene em recintos de exposição, feiras e leilões;

É muito importante que o pecuarista conheça bem a febre aftosa. Só assim, se a mesma aparecer em animais de seu rebanho, ele estará preparado para adotar rigorosas medidas sanitárias, visando ao seu controle;

Como pecuarista, siga sempre e corretamente as orientações do Médico Veterinário. É importante estar sempre em contato freqüente com Médico Veterinário, o qual será sempre o melhor profissional a prestar os esclarecimentos necessários.

Vacinação

O processo mais aconselhável, em todos os casos, é sempre a vacinação periódica dos rebanhos, assim como a vacinação preventiva de todos os bovinos antes de qualquer viagem. O intervalo é geralmente de 6 em 6 meses, a partir do 3º  mês de idade. A vacinação contra a Febre Aftosa no Estado de São Paulo deve ser feita nos meses de Março e Setembro. Na aplicação devem ser obedecidas as recomendações do fabricante em relação à dosagem, tempo de validade, método de conservação e entre outros.

Cuidado com a Vacina

Antes da aplicação devem ser obedecidas as recomendações do fabricante e alguns cuidados devem ser observados, tais como:

Manter as vacinas entre 2º e 6º graus centígrados, em geladeiras domésticas ou em caixas térmicas com gelo. É muito importante a conservação nesta faixa de temperatura, pois tanto o congelamento quanto o calor inutilizam a eficiência da vacina;

O transporte das vacinas do revendedor até a propriedade deve ser sempre feito em caixas térmicas com gelo;

A dose a ser aplicada em cada animal deve ser aquela indicada no rótulo da vacina. Uma dosagem menor do que a indicada pelo fabricante não vai produzir nos animais a proteção desejada;

Utilizar agulhas relativamente finas, pois a vacina pode escorrer pelo orifício deixado no couro do animal pela agulha e, em conseqüência, diminuir a quantidade de vacina aplicada que permaneça no corpo do animal vacinado;

A vacinação deve se dar com os animais sadios. Os animais doentes ou mal alimentados não reagem à vacinação e, nesses casos, é conveniente procurar orientação com o Médico Veterinário;

Os efeitos da vacina somente aparecem depois de 14 a 21 dias de sua aplicação. Portanto, se os animais apresentarem sintomas da doença antes desse prazo, é sinal que já estavam com a doença quando foram vacinados, sem ainda terem manifestado seus sintomas.

Tratamento

Em casos especiais, se emprega o soro de animais hiper-imunizados. São úteis as seguintes medidas coadjuvantes:

Desinfecção dos alojamentos com soda cáustica a 4% no leite de cal de caiação;

Fervura ou pasteurização do leite destinado à alimentação animal ou humana;

Uso de pedilúvios na entrada dos currais e estábulos;

Alojamento limpos e ventilados;

Fornecimento aos animais de alimentos de fácil mastigação;

Lavagem da boca com soluções adstrigentes e anti-sépticas;

Tratamento das feridas dos cascos, nas lesões da boca e do úbere, inclusive das tetas, devem  ser empregados desinfetantes diretamente sobre elas.

Administração de tônicos cardíacos, em certos casos de muita fraqueza;

Para o tratamento das lesões nos cascos, pode ser usado um pedilúvio, para facilitar a aplicação do desinfetante. Muitas vezes, no entanto, é necessário fazer uma intervenção cirúrgica nos cascos, para controlar alguma lesão mais grave como, exemplo, a perda de unhas;

Em alguns casos, os doentes atracados pela aftosa apresentam um quadro geral bem mais grave e necessitam de tratamentos mais específicos. Em qualquer caso, o tratamento deve ser feito por um médico veterinário experiente.

Prevenção

Para evitar que os rebanhos sejam atacados pela febre aftosa o mais indicado e o melhor mesmo é a utilização da vacina. Empregamos, para isso, a vacina especifica contra a febre aftosa.

A vacina é realmente eficaz contra essa virose, podendo evitar o aparecimento da aftosa nos rebanhos que foram vacinados contra ela.

Quando ocorre um foco de febre aftosa em algum lugar, toda a região em que ela se encontra deve ser isolada, não sendo permitido o tráfego de animais de pessoas ou de vacinação sem que haja um rigoroso exame e uma boa desinfecção.

Prejuízos

A ocorrência da aftosa trás grandes prejuízos para o criador, porque os animais por ela atacados ficam doentes e;

Dão mais trabalho para serem tratados;

Dão mais despesas com trabalho e compra de medicamentos;

Seu crescimento é retardado;

Os animais de corte param de engordar e até emagrecem;

As fêmeas produtoras de leite diminuem a sua produção ou até a interrompem;

O leite produzido torna-se impróprio para consumo;

Muitos animais acabam morrendo ou tendo que ser sacrificados.