Carbúnculo Sintomático

É uma doença não contagiosa de evolução aguda, também conhecida como MANQUEIRA e MAL DE ANO. Normalmente, ataca os bovinos jovens. Ocasionalmente, ataca bubalinos, caprinos e ovinos. Caracteriza-se por edemas gasosos que se disseminam por metástase.

Agente Etiológico

A causa da doença é um bacilo de 0,6 a 1,0 X 2,0 a 8,0 nanômetros de comprimento, móvel e sem cápsula, denominado CLOSTRIDIUM CHAUVEI. É um germe que se multiplica na ausência de oxigênio. Apresenta-se como uma colher ou com forma ovalada ou a limonada. Diferencia-se do Carbúnculo Verdadeiro (Bacillus anthracis) porque aquele necessita de oxigênio para assumir a forma de esporo, enquanto este, o Clostridium chauvei, não necessita de oxigênio, e forma seus esporos mesmo no interior dos tecidos onde se localiza causando a infecção. 

Sua multiplicação acontece em todos os meios de cultura usuais em bacteriologia (Agar, Gelatina de Carne, Leite, Batata, Solução de Peptona e Outros) se for assegurada a ausência de oxigênio.

Na forma de esporos, apresenta alta resistência ao calor. A sua destruição só é assegurada se for exposto a pelo menos 02 (duas) horas em água fervente.

Se mantido em meio a tecido de animais infectados, permanece potencialmente infeccioso por pelo menos 08 (oito) anos, podendo chegar a 09 (nove) anos.

Modo de Contágio

Normalmente, a infecção ocorre pela ingestão de água ou alimentos contaminados com esporos deste carbúnculo. É normal que estes esporos sejam encontrados em meio ao pasto. Nos bovinos, não ocorre o contágio imediato de um animal a partir de outro animal sintomático do carbúnculo. Entre os ovinos, a proliferação no meio ambiente é o bastante para provocar a contaminação em infecções puerperais. Devido à grande persistência sos esporos no meio ambiente, a apresentação da doença nas zonas infectadas pode se dar em qualquer época do ano - e não somente logo após a identificação de animais infectados.

Os sintomas iniciais são febre e tumefações crepitantes da musculatura, especialmente das regiões dos chamados quartos dos animais bovinos, apresentando um curso agudo com término fatal. A avaliação de cadáveres de animais infectados leva ao encontro de muitas lesões dos músculos e tecidos subcutâneo próximos e de infiltração de um exudato gelatinoso, amarelado ou sanguinolento. Também são encontradas simultaneamente hemorragias de tamanhos variados além de coloração vermelha escura e em alguns locais de coloração amarelada. Encontram-se também regiões com estrias negras e porções do músculo amolecidas. Ao serem comprimidas, estas porções deixam correr uma serosidade vermelho escura com bolhas gasosas. Esses tecidos tem um cheiro adocicado característico.

Sintomas Clínicos

O processo se inicia com um mal estar de súbito aparecimento. A fase de incubação dura de 1 a 3 dias. a febre geralmente é 41 a 43°C. Os animais mancam e logo aparece edema carbunculoso em várias regiões do corpo, nunca em regiões além das articulações do tarso e carpo. No princípio é quente e doloroso e, mais tarde, frio e sensível no centro do edema.

A pele da região com estes sintomas também se apresenta ressecada, azul escura ou negra, com textura de pergaminho e dura. Ao comprimir ou apalpar esta região, se nota um ruído crepitante. Os gânglios linfáticos regionais apresentam-se volumosos e duros. Há manifestações gerais de dificuldade respiratória, taquicardia, acesso de cólica, diminuição da temperatura corporal. Chegando neste estágio, a morte do animal ocorre entre 12 e 60 horas.

Diagnóstico

É dado com base no quadro clínico, pela necropsia e pela pesquisa do agente etiológico por via laboratorial.

Material de Pesquisa Etiológica

Deve-se coletar vísceras (fígado, intestino, baço e rim) e tecido conjuntivo subcutâneo dos animais vitimados e suspeitos da infecção.

Tratamento

Pequenas são as chances de resultados positivos no combate a infecção, após esta ter se instalado, pois a evolução do quadro clínico é muito rápida. A maior eficiência se dá com a aplicação parenteral de grandes doses de penicilina ou antibióticos de amplo espectro. O hiperimune não se dá bons resultados em tais ocasiões.

Profilaxia

Convém vacinar anualmente os animais jovens, conforme as recomendações dos fabricantes das diversas marcas de vacinas encontradas no mercado.

A vacina mais eficiente pode ser obtida com o triturado do tecido muscular infectado pela doença, depositado em camadas finas. Este tecido deve ser dessecado à temperatura de 37°C. Parte desse tecido deve ser aquecido de 100° a 140°C durante 07 (sete) horas. O restante deve ser aquecido durante o mesmo tempo, em temperatura variável de 90º a 94ºC.

Os bovinos devem ser vacinados ente 06 (seis) e 12 (doze) meses com duas aplicações desta vacina preparada como acima descrito. O intervalo de aplicação deve ser de uma semana a 10 (dez) dias.

A primeira dose deve ser com a aplicação do material obtido com o aquecimento com a temperatura mais alta. A segunda dose, para o material obtido com o menor aquecimento.

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   Antraz ou Carbúnculo Hemático

O carbúnculo hemático ou antraz, também é conhecido como carbúnculo verdadeiro, carbúnculo bacteriano, pústula maligna e sangue de baço. É uma doença infecciosa, produzida por uma bactéria. o Baciluus anthracis, que  possui, em seu interior, um corpúsculo denominado esporo, que se conserva vivo até 40 a 70 anos após a morte da bactéria, pois resiste à putrefação.

O bacilo causador do antraz é muito sensível aos desinfetantes comuns e aos agentes físicos, sendo destruído pelo suco gástrico, em 15 a 20 minutos, a 58oC em 15 minutos e em 4 dias, ou até menos, pela putrefação. Os seus esporos, ao contrário, são muito resistentes, mas são destruídos em 10 minutos, em água fervendo. Além disso, os desinfetantes o destroem, normalmente. Em couros salgados, os esporos se conservam vivos e em solos alcalinos, por 25 anos. O bacilo, na superfície da pele, quando em condições desfavoráveis, esporula em 24 horas.

O carbúnculo hemático ataca, principalmente, os herbívoros como caprinos, ovinos, bovinos e eqüinos ( o cavalo é muito sensível e esta bactéria), além de, também, camelos, veados e outros ruminantes selvagens, lebre, elefante, lontra, doninha, vison, arminho, furão e outros mustelideos. É muito rara nos suínos, no cão e no gato. As aves são muito resistentes ao carbúnculo e somente o avestruz, um herbívoro, a contrai de maneira natural.

O homem pode ser por ele atacado e nele, o carbúnculo ou pústula maligna, se apresenta com uma inchação edematosa dolorida e quente, passando depois, a indolor e fria. Seu período de incubação, na infecção natural, é de 12 a 14 dias. Sua infecção pode ser pelas vias oral, cutânea e por inalação, principalmente em homens que trabalham com pêlos e lãs de animais. A forma mais agressiva ao homem é a que causa lesões nas vias respiratórias, quando há a inalação. Nestes casos, a morte é a alternativa mais provável, caso a doença não seja combatida a tempo, com o auxílio de antibióticos.

O sangue, todos os órgãos, a bile, a urina e as fezes com sangue, são transmissores da doença. Também o leite das vacas pode ser contaminado, após a ordenha, pelos bacilos que se espalham pelo ambiente. Podem se tornar infectantes: o solo, as pastagens, a água, os couros, as lãs, os adubos e a farinha de produtos animais contaminados. Animais carnívoros e urubus que, comendo restos de animais mortos pelo carbúnculos, os disseminam pelas fezes ou pelo vômito.

A infecção, nos animais, é geralmente provocada pela ingestão de esporos, causando o aparecimento de um edema inflamatório local que, depois,  invadem os gânglios linfáticos, multiplicando-se intensa e rapidamente. Ela vai, então, evoluindo para se transformar numa septicemia. O sistema nervoso do paciente é afetado podendo, assim, causar a sua morte através da paralisia do centro respiratório. Desta forma, como importantes causas da morte, podemos mencionar a hipoglicemia e a asfixia.

O carbúnculo pode se apresentar sob uma das seguintes formas: aguda, superaguda, apoplética ou septicêmia e localizada. A aguda provoca a morte de bovinos, cavalos e ovinos, em 24 a 36 horas e com uma mortalidade de 70 a 90% dos casos. Em bovinos, seus sintomas são febre alta, de 40 a 42,5oC, taquicardia, com 80 a 100 pulsações por minuto, respiração acelerada, pêlos arrepiados, tremores musculares, perda parcial ou total do apetite, parada da ruminação, excitação e até agressividade, seguida de prostação; edemas no pescoço, tórax, lombo, flancos e ventre; pouca urina e com sangue; prisão de ventre seguida de diarréia, em geral sanguinolenta; prolapso do reto; as fêmeas podem abortar; queda na produção leiteira; convulsões e, finalmente, a morte. Ocorre, também, a saída de sangue pelas aberturas naturais do corpo um pouco antes ou logo depois da morte do animal.

Nos eqüinos, os sintomas são febre alta, taquicardia, pulso filiforme, respiração acelerada, prostação, dificuldade para andar, edemas coloridos e quentes no pescoço, esterno, abdome e órgãos genitais; as mucosas ficam  azuis (cianóticas), sentem fortes cólicas; fezes diarréicas, às vezes sanguinolentas; urina com sangue e, finalmente, suores; o animal deita de lado, sofre asfixia e morre.

No Brasil, graças à vacinação feita no passado e o controle rigoroso das autoridades sanitárias do Ministério da Agricultura, o antraz é uma doença praticamente erradicada do nosso país. Entretanto, caso seja necessário, os criadores e as autoridades sanitárias poderão desenvolver um plano para o controle da proliferação dessa bactéria, evitando assim, a contaminação dos rebanhos e das pessoas que com eles trabalham. /em caso de contágio, o tratamento utilizado é feito com antibióticos, através do qual se obtém bons resultados, principalmente na forma cutânea da doença.